Um poema de tradição oral da região do nordeste do Brasil.
- O que tens, ó Juliana,
Qu’estás tão triste a chorar?
- Minha mãe, eu soube ontem
Que Dom Jorge ia se casar.
- Minha filha, eu bem te disse
Mas você não quis acreditar
Que Dom Jorge tinha o costume
De toda moça enganar.
- Ó mamãe, lá vem Dom Jorge,
Montado no seu cavalo.
- Boa tarde, ó Juliana,
Como vai, como tem passado?
- Boa tarde, ó meu Dom Jorge,
Soube ontem que vais casar.
- É verdade, ó Juliana,
Vim aqui para te convidar.
- Espere um pouco, ó Dom Jorge,
Enquanto vou ao sobrado
Buscar um cálice de vinho
Que para ti tenho guardado.
- Que puseste, ó Juliana,
Neste cálice de vinho?
Estou com a vista escura
Não enxergo mais o caminho.
- Bate o sino na matriz,
Ninguém sabe quem morreu.
- Foi Dom Jorge, aquele ingrato,
Quem matou ele foi eu.
- Que puseste, minha filha,
Que Dom Jorge morreu?
- Foi veneno, minha mãe,
Que eu dei e ele bebeu.
Todo o céu cobriu de luto,
Toda a terra estremeceu
Quando souberam a notícia
Que meu Dom Jorge morreu.
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