13 de out. de 2010

JULIANA E DOM JORGE


 Um poema de tradição oral da região do nordeste do Brasil.

- O que tens, ó Juliana,
  Qu’estás tão triste a chorar?
- Minha mãe, eu soube ontem
   Que Dom Jorge ia se casar.
- Minha filha, eu bem te disse
   Mas você não quis acreditar
   Que Dom Jorge tinha o costume
   De toda moça enganar.
- Ó mamãe, lá vem Dom Jorge,
   Montado no seu cavalo.
- Boa tarde, ó Juliana,
   Como vai, como tem passado?
- Boa tarde, ó meu Dom Jorge,
  Soube ontem que vais casar.
- É verdade, ó Juliana,
   Vim aqui para te convidar.
- Espere um pouco, ó Dom Jorge,
   Enquanto vou ao sobrado
   Buscar um cálice de vinho
   Que para ti tenho guardado.
- Que puseste, ó Juliana,
   Neste cálice de vinho?
   Estou com a vista escura
   Não enxergo mais o caminho.
- Bate o sino na matriz,
   Ninguém sabe quem morreu.
- Foi Dom Jorge, aquele ingrato,
   Quem matou ele foi eu.
- Que puseste, minha filha,
   Que Dom Jorge morreu?
- Foi veneno, minha mãe,
  Que eu dei e ele bebeu.
   Todo o céu cobriu de luto,
   Toda a terra estremeceu
   Quando souberam a notícia
    Que meu Dom Jorge morreu.

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