Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1954, o retábulo-mor da Catedral Nossa Senhora da Vitória, a Igreja da Sé, é um exemplar da arte sacra brasileira que reflete o simbolismo litúrgico freqüente no barroco luso-espanhol, sendo um dos mais expressivos retábulos do barroco brasileiro existente no norte do país.
Os retábulos luso-brasileiros foram divididos em cinco padrões: proto-barroco, joanino, rococó, neoclássico e nacional português, no qual se enquadra o retábulo da Igreja da Sé.
O retábulo-mor da Catedral Nossa Senhora da Vitória foi concebido e desenhado pelo jesuíta Felipe Bettendorf, em 1690. Feita em talha dourada, a peça foi construída pelo entalhador português Manoel Manso, que contou com a colaboração dos índios da aldeia de Nossa Senhora Conceição de Maracu., principalmente do índio Francisco, exímio entalhador, que havia trabalhado na sacristia da Igreja do Colégio dos jesuítas em Salvador na Bahia. A participação dos índios na construção do retábulo-mor lhe conferiu um caráter híbrido, ao inserir elementos autóctones, representados na guirlandas que envolvem as colunas torsas e nos pelicanos inspirados nas aves ribeirinhas da região.
O retábulo-mor é a peça mais importante na decoração do interior da igreja, onde são colocados as esculturas sacras, relíquias e símbolos variados da cristandade como o sacrário, lugar de oração e presença material da divindade.
No retábulo-mor da Igreja da Sé estão colocadas as imagens de Nossa Senhora da Vitória, São Pedro e São Luís Rei de França. Essas imagens foram instaladas com a reordenação dos altares laterais e do retábulo-mor, no período de 1766 a 1768, quando da expulsão dos padres da Companhia de Jesus, a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, passou a condição de Catedral de Nossa Senhora da Vitória, padroeira do Maranhão.
Antes no retábulo existiam, imagens de santos jesuítas como nossa Senhora da Luz, Santo Inácio, São Francisco de Borja, São Luís Gonzaga, São Stanislau Kostka, Cristo Morto e um quadro de Nossa Senhora da Assunção, pintado em cobre.
As origens dos retábulos remontam às tumbas romanas do principio do Cristianismo, quando sobre os túmulos dos mártires e tendo um afresco na parede posterior eram celebrados os primeiros cultos. Séculos depois, o gosto artístico pela sua decoração ganha mais importância no interior das Igrejas Católicas, atingido seu esplendor com o emprego da talha dourado e da policromia.
São Luís Rei de França
ALGUNS SÍMBOLOS PRESENTES NO ARQUIVOLTO DO RETÁBULO-MOR:
PALMAS – a vitória dos mártires.
CÁLICE – de onde jorra o sangue do cordeiro é a fonte perene de graça que lembra o uso do altar da ceia do Senhor.
SOL E LUA – o poder da criação de Deus.
ESTRELA (Stella Matutina) – o norte da orientação dos homens.
ROSAS – Maria, esperança dos homens – mãe de Jesus.
ANJOS – recurso ornamental e religioso cristão e religioso cristão das cariátides.
FOLHAS DO ACANTO - motivo Greco-romano que marca forte presença na talha.
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