10 de set. de 2010

NÁUFRAGO


Sou navegante sem bússola e sem barco
Meu norte é o das sombras das gaivotas que me acompanham
Singro as águas dos mares procelentos
Na calmaria da minha pertubação

Navego mudo em águas mudas de mares inexistentes
As ondas se oferecem ao vento para se encresparem
Inevitável é a copulação que traz tardia maresia
A quebrar na quilha da minha imaginação

As gaivotas teimam em me desorientar
A boca negra da noite sorri a dentes de arandela
São estrelas que luzem e reluzem agulhas de bússolas
Mas, sem timão, à deriva, rodopia minha mente pião

Enfim chego a cais nenhum de porto algum
Atraco, aporto em terra alguma
Encontro-me agora diante de mim
Há muito tempo náufrago da minha solidão.

Ferry Boat, São Luís/Cujupe, 01.11.04

Allan Jorge

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