As 19 hora do dia 25 de agosto tive o prazer de apreciar as apresentações de vários grupos de dança maranhenses no Teatro João do Vale, dentro da temática que a comissão organizadora denominou de Maranhensidade I.
Os grupos e bailarinos que apresentaram coreografias na sua maioria são da nova geração que no palco demonstraram garra, técnica, criatividade e alegria as pesquisas que vem desenvolvendo no cotidiano das escolas de dança, galpãos, clubes socais, escolas públicas, casas de amigos, ruas e praças.
A emoção dos bailarinos em esta no palco, me fez voltar à década de 1980, quando surgiu a Associação Maranhense de Dança/AMDA proporcionado cursos, oficinas, palestras e mostras de dança alargando assim o conhecimento sobre outras modalidades de se pensar e fazer dança, já que imperava na ilha o Ballet Clássico realizado, até então, pela Academia Maranhense de Ballet do Professor Reynaldo Faray e a Escola de Ballet do Clube das Mães.
As Mostras Maranhenses de Dança promovidas pela AMDA em parceria com a Secretaria de Cultura era o espaço que a nova geração tinha para mostrar seus anseios com o ato de dançar e coreografar, o que foi muito salutar. Todos nós eramos jovens na idade e na experiência, Lenimara Mota, Guilherme Teles, Joacy Santos, Joacy Bresler, Adão, Miriam, Renato Pereira, Hélio Martins, entre tantos outros, vindos do fazer teatral ou de experiências com dança em grupos de escola, mostrando as mesmas expectativas e prazer que os jovens desta geração de bailarinos e coreógrafos.
Os grupos e solitas que apreciei durante a noite na sua maioria demonstraram evolução técnica, presença de palco e carísma com o público.
As companhias de dança de Solange Costa e Soraya Lira constitui sempre uma grata surpresa em assistir. As bailarinas das duas companhias tem um perfeito domínio da técnica e um enorme prazer em dançar.
Já, os grupos de Dança de Rua me surpreenderam, principalmente os mais novos (pra mim já que não os conhecia e ainda não tinha ouvido falar) como o Resistência de Rua, Facção Black e Oryon Cia de Dança, que apresentaram coreografias com temáticas, movimentos e os quadros coreográficos bem criativos. Mas, continuam deixando de explorar cenas em conjunto ou em duplas que dariam uma maior qualidade a temática em desenvolvimento. As mulheres quando em elenco dos grupos continuam em segundo plano, mero enfeite.
A Cia de Dança Street Master não surpreendeu, poderia ter feito um trabalho mais elaborado para a Semana.
Porém, fiquei muito feliz, satisfeito e realizado com o crescimento pessoal de Johnny Jardim e Junior Style em se permitirem experimentar dançar só. Junior Style fez uma apresentação com técnica e emoção, demostrando que pode dar vôos mais altos.
Johnny Jardim tem uma boa performance, desenho coreográfico e criatividade, porém , precisa se libertar da cenografia, elemento desnecessário na concepção aprensentada, sua presença cênica por si só define a sua tese.
E porque não, Arisson Robert? Sim, por que cada vez mais vem consolidando e aprimorando sua concepção de dança. Provavelmente, o que inspirou Junior Style e Johnny Jardim a partir para experiência solo.
Que bom poder apreciar Idelfonso Loyola dançando solto e sem as amarras da dança em dupla da Dança de Salão, que sempre o poda, talvez pela preocupação com a apresentação técnica em alto nível para o público. Idelfonso e Denis Adam, eram corpos em pura evolução no ar.
Claudene Rocha e Carlos Salseiro na Salsa, poderiam empolgar mais. Porém a emoção e o nervossísmo de ambos, atrapalhou o lado picante e sensual que a dança exige.
A Companhia de Teatro e Dança Resgate com uma garotada nova mostrou garra e Joel Farias um talento a despontar na cena maranhense.
O Ballet Olinda Saul apresentou a coreografia Chama de Paris de Vasily Vainonen com Hiago Castro e Ana Carolina Barbosa, ambos da Jovem Companhia Olinda Saul. Hiago Castro explodiu meu coração de alegria, ao demonstra desenvolvimento técnico, como a muito não via em jovens bailarinos maranhenses nessas duas últimas décadas. Esbanjou carisma, desenvoltura, terminando as séries sempre com elegância e firmeza de gestos. Estava muito emocionado em cena, tornando-se o palco pequeno para seus grand jetés.
Ana Carolina Barbosa é outra boa surpresa, mais ficou apagada diante do brilho de Hiago. Nota-se as possibilidades técnicas e criativas que pode apresentar em cena, mas assim como Claudene Rocha e Denis Adam, também, demonstrou está muito nervosa e emocionada em está no palco, diante de uma platéia lotada principalmente de jovens da sua idade. Uma grande responsabilidade.
Ao final das apresentações da noite cheguei a conclusão de que a serpente encantada não vai nos engolir. Ainda temos muitos valores surguindo pensando e fazendo dança erudita e popular com qualidade e propostas revigorantes. A Semana e seus organizadores, portanto, estão de parabéns em possibilitar que a população possa ver, apreciar, aplaudir e incentivar os produtores de dança do estado que estão criando como os banzeiros do boqueirão.
Imagem: Espaço Dança Myriam Marques em Arte em Movimento - Opus 25. Divulgação.
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