O Espaço Vital de Miguel Veiga

Assistindo ao vídeo "A Outra Pele"

Com qual calça vou a festa do Divino?

Espaço Reflexivo - vídeo

A instalação "Espaço Vital" de miguel Veiga é movida pela experimentação realizada sobre a mistura de poéticas, narrativas e materiais diversos. Na busca de um aprofundamento do seu modo de criação, o artista é norteado por questões que afetam a todos os indivíduos diretamente, seja na rua, nas relações pessoais e nos questionamentos da própria arte, integrando linguagens artísticas a partir da combinação de performances, pinturas, esculturas e vídeo.

Ao aplicar resina de fibra de vidro sobre "claças jeans" usadas, Miguel Veiga trabalha numa dimensão relacionada com a expansão do objeto artístico. Isso porque o artista, ao se apropriar de peças da indumentária do cotidiano das pessoas, consegue organiza-las segundo leis básicas da Gestalt (unidade, segregação, fechamento, continuidade, semelhança, pregnância da forma) e traduzi-las em formas mais complexas do ponto de vista conceitual. Sua instalação aposta numa relação mais próxima com o público. É uma obra aberta à manipulação. Em cada parada interpretativa (que normalmente acontece em espaços metálicos geometrizados e com espelhos), as combinações das calças (que mantém o espaço da modelagem do corpo), convidam o espectador a interagir (seja retirando a peça e provando-a, seja observando a si próprio nos espelhos em conjunção com as inusitadas imagens especulares das calças que perderam sua função prática, mas mantêm um função simbólica).

A instalação "Espaço Vital" indica que estamos diante de um sistema de arte em um "Estado Contemporâneo", produto de uma alteração de estrutura de tal ordem que não se pode mais julgar nem as obras nom a produção delas de acordo com os antigos padrões estabelecidos para linguagens artísticas isoladas (pintura, esculturaou vídeo). Estamos diante de uma situação desafiadora! Será necessário também um novo espectador, disposto a construir seu próprio sistema de análise a partir do estranhamento promovido pelo aspecto geral da mistura de poéticas e narrativas ligadas a símbolos vitais da contemporaneidade: o "jeans" e o corpo.

Raimunda Fortes (Professora da UEMA, Bióloga, Licenciada em Educação Artística/UFMA e Doutoranda em Biotecnologia)